Reuniões aos sábados as 19:00hs.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Jesus maquiado, Jesus falsificado, Jesus inutilizado

DOM HENRIQUE SOARES, bispo auxiliar de Aracaju-SE

Eis, caro Internauta: nos Estados Unidos estão propondo um Jesus saradão, bem ao gosto da juventude atual. Seria um modo de atrair os jovens... Tentativas como esta, de modos diversos, surgem lá, na América do Norte, e por aqui também... Mas, atenção: nada disso condiz com o Evangelho! Não passa de ilusão, de moeda falsa. O único Jesus verdadeiro é aquele de sempre, crido, adorado, vivido, proclamado e testemunhado pela Igreja: o Filho de Deus feito homem, santíssimo, humaníssimo, por nós crucificado e ressuscitado! O resto é pirueta pastoral estéril e histérica, pesem as boas intenções...

Na verdade, somente o Jesus sem maquiagem salva, somente o Jesus nu e cru nos coloca em contato com a verdade que liberta. Um Jesus aprisionado nas nossas modas e nos nossos modismos é apenas uma caricatura de Jesus, um não Libertador, mas preso nas nossas próprias prisões...

 Não este!

      Ou este!
 Mas este! Este sim! Sem maquiagem!
E não há outro!

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Lista de datas comemorativas de Nossa Senhora

Fevereiro
Março
25 - Anunciação
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
7 - Nossa Senhora do Rosário
12 - Nossa Senhora da Conceição Aparecida
Segundo domingo de Outubro - Nossa Senhora de Nazaré (Belém do Pará)
Novembro
Dezembro
Festas móveis

História da JMJ


Veja o itinerário da peregrinação da Cruz da Jornada e do Ícone de Nossa Senhora pelo Brasil


“Meus queridos jovens, na conclusão do Ano Santo, eu confio a vocês o sinal deste Ano Jubilar: a Cruz de Cristo! Carreguem-na pelo mundo como um símbolo do amor de Cristo pela humanidade, e anunciem a todos que somente na morte e ressurreição de Cristo podemos encontrar a salvação e a redenção”.



Foi com essas palavras que o Beato João Paulo II entregou aos jovens em Roma, no dia 22 de abril de 1984, aquela que ficaria conhecida como Cruz da Jornada, ou Cruz dos Jovens. Desde então, ela começou a peregrinar mundo afora, sempre levada pela juventude. Em 2003 junto com ela passou a peregrinar também o Ícone de Nossa Senhora.

Pela primeira vez, os dois símbolos máximos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) vão peregrinar pelo Brasil. Serão meses num itinerário que percorrerá todo o país e também passará pelos vizinhos do Cone Sul. Ao longo desse trajeto, os jovens terão a oportunidade de reavivar a fé e de sentir o gostinho do que será a JMJ 2013, que acontecerá no Rio de Janeiro.

A Cruz da JMJ e o Ícone de Maria
chegam ao Brasil no dia 18 de setembro e serão recebidos em São Paulo com uma grande festa, o Bote Fé. A partir daí iniciam a peregrinação, que será concluída no Rio de Janeiro. A ideia é que os dois símbolos passem por todos os 17 regionais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Estão também previstas 19 grandes festas nas capitais brasileiras, todas com o nome "Bote Fé".

Depois do dia 18 de setembro, a Cruz e o Ícone vão peregrinar, até o dia 30 de outubro, pelas sete províncias eclesiásticas do Regional Sul 1 da CNBB, que corresponde ao estado de São Paulo – o mais populoso do país e o que tem o maior número de dioceses, 50. Daí os símbolos seguem para o Regional Leste 2, composto por Minas Gerais e Espírito Santo, onde ficarão ao longo de todo o mês de novembro. No mês seguinte, será a vez do Regional Nordeste 3, composto pelos estados da Bahia e de Sergipe.

A peregrinação seguirá ao longo de todo o ano de 2012. Em dezembro, a Cruz e o Ícone deixam o Brasil e visitam Paraguai, Uruguai, Chile e Argentina. Já em Janeiro de 2013 retornam para concluir o itinerário no Sul do Brasil. A etapa final acontecerá no Sul de Minas, no Vale do Paraíba (SP) e, finalmente, no estado do Rio de Janeiro, onde os símbolos chegam em abril de 2013.

Veja, no quadro a seguir, quando a Cruz e o Ícone visitarão cada regional. Fiquem atentos, pois o site Jovens Conectados divulgará os roteiros específicos da peregrinação dentro de cada regional à medida em que eles forem definidos.




quarta-feira, 7 de setembro de 2011

terça-feira, 6 de setembro de 2011


A SERVA DE DEUS MADRE MARIA IMACULADA


      Maezinha
Maria Giselda Vilela, Mãezinha, nasceu em um lar autenticamente cristão. Era a terceira dos sete filhos do casal Manoel Villela Pereira (de origem portuguesa) e Maria Campos Villela, residente na cidade de Maria da Fé, Minas Gerais. Eram seus irmãos: Genoveva, Manoelzinho (logo falecido), um segundo Manoelzinho, também falecido com apenas dois anos, Rita, Gabriel (Padre Redentorista) e Murilo.
            Maria Giselda, muito viva e inteligente sempre foi cercada de muita atenção e carinho pelos pais, que, percebendo seu temperamento forte e expansivo, eram exigentes na sua formação e educação.
Impressionado com a piedade da menina e com seu precoce conhecimento do Catecismo, um Missionário que viera pregar naquela cidade, permitiu que ela fizesse a Primeira Comunhão, com apenas quatro anos de idade! Ao lado de Maria Giselda, também recebendo Jesus pela primeira vez, lá se achava Delfim Ribeiro Guedes, seu amiguinho, um pouco mais velho que ela. Unidos na Eucaristia, muito mais unidos ficariam, num futuro remoto, pelos laços de um forte ideal carmelitano.
Sempre voltada para as coisas de Deus, após a Primeira Comunhão, Maria Giselda quis entrar para o Apostolado da Oração.
Não sabendo ler nem escrever, cumpria de memória o que lhe era prescrito e rezava o terço marcando as Ave-Marias com seus dedinhos.
Foi seu companheirinho de infância, além de Delfim, o futuro beneditino, Dom Marcos Barbosa.
Três admiráveis crianças, que, mais tarde, norteariam suas vidas pelo ideal de consagração a Deus.

O SOFRIMENTO
Dedicada aos estudos, Maria Giselda foi desenvolvendo seus grandes talentos. O selo do sofrimento, porém, marcaria sua infância ... Entre 12 e 13 anos, teria início o seu calvário com o aparecimento de um tumor na virilha.
Alertado sobre a gravidade do problema, Sr. Vilela levou-a para outra cidade, também de recursos precários, onde o enorme tumor foi extirpado. Aparentemente melhor, Maria Giselda foi para o Internato, do Colégio Sagrado Coração de Jesus, das Irmãs da Providência de GAP, em Itajubá, mas, em poucos meses, reapareceu-lhe o tumor. Alarmado, o pai levou-a para o Rio, à procura de melhores especialistas. Após uma cirurgia de emergência, feita por Dr. Pedro Ernesto, este, um tanto desolado, disse ao Sr. Vilela que a menina não se salvaria ... Tratava-se de um tumor maligno ... em estado adiantado.
Sr. Vilela sofreu um terrível golpe, mas, diante da sentença do médico, respondeu-lhe: "Se a medicina da terra nada pode fazer, eu confio na medicina do Céu!".
Enquanto a filha era operada, os pais buscam uma igreja para participarem da Santa Missa, e na homilia ouvem falar do poder intercessor de Santo Expedito. D. Maria e Sr. Vilela, sem nada terem combinado, no íntimo de seus corações, pediram a cura da filha querida, fazendo, coincidentemente, a mesma promessa: Mandar esculpir uma imagem do referido Santo, para propagarem a sua devoção em Maria da Fé, onde Santo Expedito era pouco conhecido.
Diante do sofrimento dos pais, o médico propôs-lhes um novo tratamento: a radioterapia, que causou sérias queimaduras em Giselda. Ainda desconhecido o efeito do rádio...
SONHOS DE GISELDA E SUA CONVERSÃO
Enquanto jovenzinha, Maria Giselda idealizava ser muito rica, gozar de uma vida confortável e até luxuosa, junto de seus pais, de quem nunca pensava em separar-se.
No Colégio, foi-se interiorizando mais e mais, numa busca constante de Deus! A leitura de "História de uma Alma", de Santa Teresinha, fez-lhe descobrir o Carmelo, e tendo exposto seu desejo ao seu Confessor, foi encaminhada ao Carmelo de Campinas.
A CAMINHADA PARA O CARMELO
Sr. Vilela e D. Maria, ao tomarem conhecimento da pretensão de Giselda de entrar para o Carmelo, não se opuseram.
Corria o ano de 1930. Em companhia do pai, Maria Giselda ingressa no Carmelo, a 29 de novembro.
Em 12 de abril de 1931, recebe o Hábito de Nossa Senhora do Carmo, sob o nome de Irmã Maria Imaculada da Santíssima Trindade, realizando-se o presságio de sua grande amiga, Laly, que, mais tarde, seria a co-fundadora do Carmelo de Belo Horizonte.
Giselda fez seus primeiros votos em 12 de abril de 1932 e, em 13 de abril de 1935, a sua Profissão Solene, registrando-se sempre a sua grande dedicação à Comunidade!
O CARMELO DA SAGRADA FAMÍLIA
Padre Delfim seu amigo de infância, manifestando a necessidade de cumprir a promessa feita junto ao túmulo de Santa Teresinha, em Lisieux, de trabalhar para a fundação de um Carmelo, pois a Santinha das Rosas obtivera-lhe de Deus a graça da Ordenação Sacerdotal, compareceu ao Carmelo de Campinas, com a autorização de Dom Octávio, Bispo de Pouso Alegre, para pedir à Madre Ângela e à sua Comunidade, a fundação de um Carmelo em Pouso Alegre, o que se efetivou em 26 de outubro de 1943, graças ao empenho do padre Delfim, que seguiria, à distância, suas filhas Carmelitas, pois dias antes dessa fundação, ele fora nomeado Bispo de Leopoldina.
Inicio difícil para Madre Maria Imaculada, sobretudo após o retorno das Irmãs de Campinas, que com ela vieram, deixando-a apenas com um grupo de Noviças. Estas, reconhecendo o mérito de sua Priora, deram-lhe o título de "Mãezinha", pois realmente desempenhava sua missão com grande entusiasmo e dedicação.
E assim, por quarenta e três anos Mãezinha dirigiu o Carmelo da Sagrada Família, mas logo após a Sagração da Capela, a construção do cemitério e o término das pistas do quintal, Mãezinha já dizia poder cantar o Nunc dimittis.
Deus, porém, em seus insondáveis desígnios, (que apesar de “maravilhosos” não deixam de ser, às vezes, “dolorosos”), desejava pedir a ela algo mais: A fundação de um novo Carmelo.
A FUNDAÇÃO DO CARMELO DE CAMPOS
Acatando a vontade de Deus, Mãezinha tomou as providências necessárias à nova fundação. Foi um tempo de intensa oração e muito trabalho.
A 24 de agosto de 1986, nove de suas filhas partiram para Campos, mas a saúde de Mãezinha sofreu um grande abalo: a manifestação de um câncer, que até então procurara ocultar de suas Irmãs.
Havia oferecido a sua vida para o êxito da nova fundação, em benefício da Santa Igreja, bastante dilacerada naquela Diocese.

ENFIM, O CÉU
A saúde de Mãezinha foi decaindo, dia-a-dia.
Sempre assistida por vários médicos, nossos grandes amigos, sobretudo Dr. Vitor Galhardo e Dr. José Wazen, do Rio de Janeiro, a 20 de janeiro de 1988, pelas 11,20h da manhã, ela partiu para O grande encontro com Aquele por quem vivera e a quem servira durante toda a sua vida.
PROCESSO DE CANONIZAÇÃO
Em vista da insistência de várias pessoas que alcançaram graças por intermédio de Mãezinha, a Comunidade alicerçada em sacrifícios e orações, assumiu, convictamente, a Introdução da CAUSA DE CANONIZAÇÃO de sua Fundadora.
            Aos 12 de janeiro de 2006, na presença de toda a Comunidade, Frei Patrício entregou oficialmente o pedido de Introdução dessa nobre Causa, ao Exmo. Arcebispo, Dom Ricardo.
            Prosseguindo, estabeleceu-se contato também com Pe. Geral da Ordem, Frei Luis Aróstegui Gamboa, e com Postulador Geral, Frei Idelfonso Moriones, solicitando-lhes que a Ordem assumisse essa nova Causa de Canonização.
            Com o coração transbordante de alegria, a 26 de julho de 2006, as Irmãs tomaram conhecimento de que a IGREJA, através da Congregação para as Causas dos Santos enviara, de Roma, ao Exmo. Arcebispo, Dom Ricardo, o seguinte documento: NADA IMPEDE A INTRODUÇÃO DO PROCESSO DE CANONIZAÇÃO DA SERVA DE DEUS, MARIA IMACULADA DA SS. TRINDADE.
            No dia nove de agosto de 2006, foi confirmada a data da ABERTURA DO PROCESSO DE CANONIZAÇÃO para o dia 30 de setembro desse mesmo ano.
EXUMAÇÃO
No dia doze de abril de 2007, às 7h, celebrou-se a Santa Missa na Capela deste Carmelo, presidida por Frei Patrício e concelebrada por Pe. José Dimas de Lima.
Os fiéis presentes foram previamente avisados de que só entrariam, na Clausura, as pessoas credenciadas. As normas da Santa Sé assim o determinam, para evitar tumulto e preservar o ambiente de devoção e de seriedade que a Cerimônia requer.
A homilia foi feita por Frei Patrício, que explicou tanto o significado da EXUMAÇÃO como da INUMAÇÃO que ocorreria a quinze de abril.
Terminada a Santa Missa, os Celebrantes encaminharam-se para o Ato da Exumação que seria realizada pelo Tribunal da Causa, encarregado de outorgar validade jurídica ao Ato. Testemunhas desse Ato:
Membros do Tribunal: Mons. Benedito Marcílio de Magalhães, Juiz Delegado; Cônego Vonilton Augusto Ferreira, Promotor de Justiça; Vítor Pereira dos Santos, Notário Atuário; Ir. Teresa Margarida do Sagrado Coração de Jesus, ocd, Notária Adjunto; Pe. José Dimas de Lima, Presidente da Comissão Histórica da Causa; Maria Luciete da Silva Ribeiro, membro da Comissão Histórica da Causa.
1.      Peritos Médicos para reconhecimento anatômico e procedimentos de preservação dos ossos: Dr. Carlos de Barros Laraia, chefe da equipe; Dr. Luiz Carlos de Meneses e Dr. Antonio Homero Rocha de Toledo (Odontólogo).
2.      Coadjuvantes da perícia médica: Sr. Sebastião Paulino; Técnico de Anatomia; Tatiane Crepaldi, acadêmica do sexto ano de Medicina; Elisângela Pereira Gonçalvez e Fernanda Marcelino Silva, acadêmicas auxiliares.
Também presentes: Dr. Vítor Galhardo, Dr. José Guernelli Neto e Dr. Sebastião Arouca, que cuidaram da Serva de Deus, sobretudo na sua fase final.
3.      Representante da FAMÍLIA DE MÃEZINHA: - Guy Villela Pascoal, seu sobrinho.
4.      PEDREIROS ENCARREGADOS da abertura do túmulo: Florisvaldo Morelato; João Domingues da Silva e Degberto da Silva Ribeiro.
5.      CARMELITAS de outros Carmelos: na realidade eram poucas, porque segundo as normas da Igreja deve se restringir às pessoas que vão desempenhar alguma função no ato da Exumação.
Aberta a porta da Clausura, os credenciados dirigiram-se à Capela do cemitério, do Carmelo, precedidos pelas Monjas, que revestidas solenemente com suas capas, entoavam o “Salve Regina”.
      Ao chegarem à capelinha as Irmãs entoaram o “Veni Creator”, seguindo-se a leitura da carta de Frei Patrício ao Exmo. Arcebispo Dom Ricardo, solicitando a Exumação da Serva de Deus.
Com o seu assentimento iniciou-se o Processo de Exumação.
REALIZAÇÕES POSTERIORES:
            - No dia 12 de abril de 2008, inaugurou-se o Memorial da Serva de Deus, Maria Imaculada.
            - De 28 de junho a 8 de julho, realizou-se neste Carmelo uma semana de espiritualidade, abordando os seguintes pontos:
No 1º dia, bispo de Luz, D. Antonio Carlos Felix desenvolveu o tema: - “Santa Teresinha e a Vida Missionária; a Serva de Deus como Missionária.”.

Isabel da Trindade

mundialmente conhecida, pelo menos por quantos estão familiarizados com o Carmelo ou com a espiritualidade cristã. Jovem moderna da sua época, vestia a última moda de Paris sem, contudo, ultrapassar os limites da simplicidade. Com temperamento de artista, música e pianista excepcional, dançava excelentemente e era admirada por muitos pela sua elegância, simpatia e bondade. Nos bailes, ela dançava para ELE. Uma vez, uma amiga viu-a de tal forma transfigurada, que lhe segredou: «Isabel, estás a ver a Deus...» e ela apenas sorriu...Os amigos, falavam do seu olhar extraordinário por estar enamorada de Cristo e diziam uns aos outros: «Repara no seu olhar...ela não é para nós!». Veste-se com elegância. O seu penteado é impecável. Distingue-se no círculo das famílias dos militares...e um bispo orgulhar-se-á de ter dançado com Isabel na sua juventude. Isabel era extremamente alegre e com sentido de humor, até mesmo nas coisas sérias. Torna-se extraordinária ao piano. Ganha prémios a partir dos 13 anos, distingue-se nos jornais pelo seu génio musical e é, com frequência, convidada a participar nos concertos dados quer pelo Conservatório quer pelo grande Teatro de Dijon. Mais tarde, já no Carmelo, ela confidenciará à sua Madre Prioresa: «Quando me convidavam para os Concertos, antes de sair de casa, ia recolher-me em oração no meu quarto...pois conhecia a minha natural vivacidade...» e também: «Tinha medo dos aplausos, nem por nada quereria desgostar a Deus». Isabel deixou-se cativar pela beleza do Amor de Deus. Com temperamento «explosivo», travou duras batalhas contra si mesma, pelo Amor que tinha a Cristo. No Processo da Beatificação alguém testemunhou: «Não se pode explicar o rosto de Isabel, quando vinha de comungar...!». Podia ter casado com um jovem Médico, mas o seu coração estava já absorvido pelo Amor de Cristo, e não hesitou em entregar-se a Deus no Carmelo «para viver só para ELE». Dizia ela: «Amo-O tanto! Estou apaixonada por ELE!». Isabel entra no Carmelo aos 21 anos pois estava sedenta de Intimidade com Deus. “Vende” as Montanhas, os Concertos, o piano e tudo o mais, pois a experiência de ser tão amada por Deus, exigiu-lhe a resposta radical de entregar-se a fundo perdido.
O silêncio, os espaços e tempos de deserto, e a Oração contínua como Desejo de Deus, foram o ambiente encontrado por ela no Carmelo, para responder cabalmente ao Amor de Deus. Dizia a um amigo: «No Carmelo ELE encontra-se por toda a parte, desde o lavar da roupa até à oração». Quanto mais se identificava com o espírito do Carmelo Descalço mais se expressava em verdadeira alegria, dizendo: «Cada vez gosto mais do Carmelo!». Isabel desenvolveu a espiritualidade baptismal acessível a todo cristão. Foi um autêntico profeta da Presença de Deus. Descobriu o seu nome novo: «Louvor de Glória», como verdadeiro programa de vida Teologal que ela oferece a todo o baptizado A sua missão espiritual é universal e estende-se a todos os cristãos, para que vivam responsavelmente as realidades sobrenaturais que receberam pela graça do Baptismo. O seu magistério é actualidade permanente, porque se fundamenta na verdade eterna do Evangelho. É também um repto ao Homem, a quem interpela fortemente, a partir da sua experiência de mulher cristã. João Paulo II disse acerca dela: «É uma das maiores místicas do séc. XX pois foi um profeta da Presença de Deus na alma». Como todos os orantes, teve as suas noites escuras e viveu de fé. Contudo ela possuía um segredo: «permanecer sempre em Deus». Nos momentos de maior obscuridade e sofrimento, a jovem Carmelita manteve-se sempre encantadora. No Processo de beatificação, diz uma irmã da sua comunidade: «A Irmã Isabel apresentava-se sempre calma, sorridente... parecia que nada lhe custava!» Nos momentos de recreio da Comunidade, manifestava-se como um pequeno sol que não se escondia por detrás das nuvens. Tinha para cada uma das Irmãs uma palavra adequada, e cada uma pensava ser a mais amada
por ela. Á medida que o tempo passa, Isabel respira fortaleza e serenidade, doçura e tacto fraterno. Nos testemunhos das irmãs que viveram com ela, aparecem sempre os mesmos rasgos fundamentais: alegria, simplicidade, disponibilidade, amabilidade, serenidade, simpatia e recolhimento. As Irmãs testemunharam: «Ela enchia-nos de alegria, somente pela forma como entregava uma carta. Alegrava-nos sem grandes falatórios...Todas as irmãs diziam o mesmo. Ela dava-se mil vezes de uma vez só. Para ela nada era banal. Em tudo quanto fazia colocava algo de grande..., e por isso, dava tanto!». De facto, recomendava Isabel a alguém: «Se estiveres desperta no Amor nunca serás banal!». Isabel da Trindade talvez seja a «santa» carmelita que mais se identifique com o Carmelo: o silêncio, o deserto, o desejo de Deus e a Intimidade com ELE foram nela, algo de singular. Foi definida pela sua Prioresa, Mestra e Confidente, como «Uma alma de uma só ideia.» A sua actividade foi interior e o que transbordava dela era um amor fraterno calmo e discreto: as suas ajudas às Irmãs eram silenciosas na mansidão, serenidade, paciência e no seu sorriso indescritível... A Prioresa disse no Processo: «Isabel era perfeitamente calma e despojada de si mesma!» O Chamamento é isto: estar apaixonado por Cristo. Os afectos profundos ficam polarizados só n’ ELE e, então, tudo em nós age e vive em função d’ELE...O discípulo de Cristo necessita da experiência de ser amado por DEUS...oh! sim !!! A oração é necessária para que Deus se revele pessoalmente como AMOR...então tudo muda na nossa vida...

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

BEATIFICAÇÃO DO SERVO DE DEUS JOÃO PAULO II - HOMILIA DO PAPA BENTO XVI


Átrio da Basílica Vaticana
Domingo
, 1° de Maio de 2011

Amados irmãos e irmãs,
Passaram já seis anos desde o dia em que nos encontrávamos nesta Praça para celebrar o funeral do Papa João Paulo II. Então, se a tristeza pela sua perda era profunda, maior ainda se revelava a sensação de que uma graça imensa envolvia Roma e o mundo inteiro: graça esta, que era como que o fruto da vida inteira do meu amado Predecessor, especialmente do seu testemunho no sofrimento. Já naquele dia sentíamos pairar o perfume da sua santidade, tendo o Povo de Deus manifestado de muitas maneiras a sua veneração por ele. Por isso, quis que a sua Causa de Beatificação pudesse, no devido respeito pelas normas da Igreja, prosseguir com discreta celeridade. E o dia esperado chegou! Chegou depressa, porque assim aprouve ao Senhor:  João Paulo II é Beato!
Desejo dirigir a minha cordial saudação a todos vós que, nesta circunstância feliz, vos reunistes, tão numerosos, aqui em Roma vindos de todos os cantos do mundo: cardeais, patriarcas das Igrejas Católicas Orientais, irmãos no episcopado e no sacerdócio, delegações oficiais, embaixadores e autoridades, pessoas consagradas e fiéis leigos; esta minha saudação estende-se também a quantos estão unidos connosco através do rádio e da televisão.
Estamos no segundo domingo de Páscoa, que o Beato  João Paulo II quis intitular Domingo da Divina Misericórdia. Por isso, se escolheu esta data para a presente celebração, porque o meu Predecessor, por um desígnio providencial, entregou o seu espírito a Deus justamente ao anoitecer da vigília de tal ocorrência. Além disso, hoje tem início o mês de Maio, o mês de Maria; e neste dia celebra-se também a memória de São José operário. Todos estes elementos concorrem para enriquecer a nossa oração; servem-nos de ajuda, a nós que ainda peregrinamos no tempo e no espaço; no Céu, a festa entre os Anjos e os Santos é muito diferente! E todavia Deus é um só, e um só é Cristo Senhor que, como uma ponte, une a terra e o Céu, e neste momento sentimo-lo muito perto, sentimo-nos quase participantes da liturgia celeste.
«Felizes os que acreditam sem terem visto» (Jo 20, 29). No Evangelho de hoje, Jesus pronuncia esta bem-aventurança: a bem-aventurança da fé. Ela chama de modo particular a nossa atenção, porque estamos reunidos justamente para celebrar uma Beatificação e, mais ainda, porque o Beato hoje proclamado é um Papa, um Sucessor de Pedro, chamado a confirmar os irmãos na fé.  João Paulo II é Beato pela sua forte e generosa fé apostólica. E isto traz imediatamente à memória outra bem-aventurança: «Feliz de ti, Simão, filho de Jonas, porque não foram a carne e o sangue que to revelaram, mas sim meu Pai que está nos Céus» (Mt 16, 17). O que é que o Pai celeste revelou a Simão? Que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus vivo. Por esta fé, Simão se torna «Pedro», rocha sobre a qual Jesus pode edificar a sua Igreja. A bem-aventurança eterna de  João Paulo II, que a Igreja tem a alegria de proclamar hoje, está inteiramente contida nestas palavras de Cristo: «Feliz de ti, Simão» e «felizes os que acreditam sem terem visto». É a bem-aventurança da fé, cujo dom também  João Paulo II recebeu de Deus Pai para a edificação da Igreja de Cristo.
Entretanto perpassa pelo nosso pensamento mais uma bem-aventurança que, no Evangelho, precede todas as outras. É a bem-aventurança da Virgem Maria, a Mãe do Redentor. A Ela, que acabava de conceber Jesus no seu ventre, diz Santa Isabel: «Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor» (Lc 1, 45). A bem-aventurança da fé tem o seu modelo em Maria, pelo que a todos nos enche de alegria o facto de a beatificação de  João Paulo II ter lugar no primeiro dia deste mês mariano, sob o olhar materno d’Aquela que, com a sua fé, sustentou a fé dos Apóstolos e não cessa de sustentar a fé dos seus sucessores, especialmente de quantos são chamados a sentar-se na cátedra de Pedro. Nas narrações da ressurreição de Cristo, Maria não aparece, mas a sua presença pressente-se em toda a parte: é a Mãe, a quem Jesus confiou cada um dos discípulos e toda a comunidade. De forma particular, notamos que a presença real e materna de Maria aparece assinalada por São João e São Lucas nos contextos que precedem tanto o Evangelho como a primeira Leitura de hoje: na narração da morte de Jesus, onde Maria aparece aos pés da Cruz (Jo 19, 25); e, no começo dos Actos dos Apóstolos, que a apresentam no meio dos discípulos reunidos em oração no Cenáculo (Act 1, 14).
Também a segunda Leitura de hoje nos fala da fé, e é justamente São Pedro que escreve, cheio de entusiasmo espiritual, indicando aos recém-baptizados as razões da sua esperança e da sua alegria. Apraz-me observar que nesta passagem, situada na parte inicial da sua Primeira Carta, Pedro exprime-se não no modo exortativo, mas indicativo. De facto, escreve: «Isto vos enche de alegria»; e acrescenta: «Vós amais Jesus Cristo sem O terdes conhecido, e, como n’Ele acreditais sem O verdes ainda, estais cheios de alegria indescritível e plena de glória, por irdes alcançar o fim da vossa fé: a salvação das vossas almas» (1 Ped 1, 6.8-9). Está tudo no indicativo, porque existe uma nova realidade, gerada pela ressurreição de Cristo, uma realidade que nos é acessível pela fé. «Esta é uma obra admirável – diz o Salmo (118, 23) – que o Senhor realizou aos nossos olhos», os olhos da fé.
Queridos irmãos e irmãs, hoje diante dos nossos olhos brilha, na plena luz de Cristo ressuscitado, a amada e venerada figura de  João Paulo II. Hoje, o seu nome junta-se à série dos Santos e Beatos que ele mesmo proclamou durante os seus quase 27 anos de pontificado, lembrando com vigor a vocação universal à medida alta da vida cristã, à santidade, como afirma a Constituição conciliar Lumem gentium sobre a Igreja. Os membros do Povo de Deus – bispos, sacerdotes, diáconos, fiéis leigos, religiosos e religiosas – todos nós estamos a caminho da Pátria celeste, tendo-nos precedido a Virgem Maria, associada de modo singular e perfeito ao mistério de Cristo e da Igreja. Karol Wojtyła, primeiro como Bispo Auxiliar e depois como Arcebispo de Cracóvia, participou no Concílio Vaticano II e bem sabia que dedicar a Maria o último capítulo da Constituição sobre a Igreja significava colocar a Mãe do Redentor como imagem e modelo de santidade para todo o cristão e para a Igreja inteira. Foi esta visão teológica que o Beato João Paulo II descobriu na sua juventude, tendo-a depois conservado e aprofundado durante toda a vida; uma visão, que se resume no ícone bíblico de Cristo crucificado com Maria ao pé da Cruz. Um ícone que se encontra no Evangelho de João (19, 25-27) e está sintetizado nas armas episcopais e, depois, papais de Karol Wojtyła: uma cruz de ouro, um «M» na parte inferior direita e o lema «Totus tuus», que corresponde à conhecida frase de São Luís Maria Grignion de Monfort, na qual Karol Wojtyła encontrou um princípio fundamental para a sua vida: «Totus tuus ego sum et omnia mea tua sunt. Accipio Te in mea omnia. Praebe mihi cor tuum, Maria – Sou todo vosso e tudo o que possuo é vosso. Tomo-vos como toda a minha riqueza. Dai-me o vosso coração, ó Maria» (Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, n. 266).
No seu Testamento, o novo Beato deixou escrito: «Quando, no dia 16 de Outubro de 1978, o conclave dos cardeais escolheu  João Paulo II, o Card. Stefan Wyszyński, Primaz da Polónia, disse-me: “A missão do novo Papa será a de introduzir a Igreja no Terceiro Milénio”». E acrescenta: «Desejo mais uma vez agradecer ao Espírito Santo pelo grande dom do Concílio Vaticano II, do qual me sinto devedor, juntamente com toda a Igreja e sobretudo o episcopado. Estou convencido de que será concedido ainda por muito tempo, às sucessivas gerações, haurir das riquezas que este Concílio do século XX nos prodigalizou. Como Bispo que participou no evento conciliar, desde o primeiro ao último dia, desejo confiar este grande património a todos aqueles que são, e serão, chamados a realizá-lo. Pela minha parte, agradeço ao Pastor eterno que me permitiu servir esta grandíssima causa ao longo de todos os anos do meu pontificado». E qual é esta causa? É a mesma que João Paulo II enunciou na sua primeira Missa solene, na Praça de São Pedro, com estas palavras memoráveis: «Não tenhais medo! Abri, melhor, escancarai as portas a Cristo!». Aquilo que o Papa recém-eleito pedia a todos, começou, ele mesmo, a fazê-lo: abriu a Cristo a sociedade, a cultura, os sistemas políticos e económicos, invertendo, com a força de um gigante – força que lhe vinha de Deus –, uma tendência que parecia irreversível. Com o seu testemunho de fé, de amor e de coragem apostólica, acompanhado por uma grande sensibilidade humana, este filho exemplar da Nação Polaca ajudou os cristãos de todo o mundo a não ter medo de se dizerem cristãos, de pertencerem à Igreja, de falarem do Evangelho. Numa palavra, ajudou-nos a não ter medo da verdade, porque a verdade é garantia de liberdade. Sintetizando ainda mais: deu-nos novamente a força de crer em Cristo, porque Cristo é o Redentor do homem – Redemptor hominis: foi este o tema da sua primeira Encíclica e o fio condutor de todas as outras.
Karol Wojtyła subiu ao sólio de Pedro trazendo consigo a sua reflexão profunda sobre a confrontação entre o marxismo e o cristianismo, centrada no homem. A sua mensagem foi esta: o homem é o caminho da Igreja, e Cristo é o caminho do homem. Com esta mensagem, que é a grande herança do Concílio Vaticano II e do seu «timoneiro» – o Servo de Deus Papa Paulo VI –,  João Paulo II foi o guia do Povo de Deus ao cruzar o limiar do Terceiro Milénio, que ele pôde, justamente graças a Cristo, chamar «limiar da esperança». Na verdade, através do longo caminho de preparação para o Grande Jubileu, ele conferiu ao cristianismo uma renovada orientação para o futuro, o futuro de Deus, que é transcendente relativamente à história, mas incide na história. Aquela carga de esperança que de certo modo fora cedida ao marxismo e à ideologia do progresso,  João Paulo II legitimamente reivindicou-a para o cristianismo, restituindo-lhe a fisionomia autêntica da esperança, que se deve viver na história com um espírito de «advento», numa existência pessoal e comunitária orientada para Cristo, plenitude do homem e realização das suas expectativas de justiça e de paz.
Por fim, quero agradecer a Deus também a experiência de colaboração pessoal que me concedeu ter longamente com o Beato Papa João Paulo II. Se antes já tinha tido possibilidades de o conhecer e estimar, desde 1982, quando me chamou a Roma como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, pude durante 23 anos permanecer junto dele crescendo sempre mais a minha veneração pela sua pessoa. O meu serviço foi sustentado pela sua profundidade espiritual, pela riqueza das suas intuições. Sempre me impressionou e edificou o exemplo da sua oração: entranhava-se no encontro com Deus, inclusive no meio das mais variadas incumbências do seu ministério. E, depois, impressionou-me o seu testemunho no sofrimento: pouco a pouco o Senhor foi-o despojando de tudo, mas permaneceu sempre uma «rocha», como Cristo o quis. A sua humildade profunda, enraizada na união íntima com Cristo, permitiu-lhe continuar a guiar a Igreja e a dar ao mundo uma mensagem ainda mais eloquente, justamente no período em que as forças físicas definhavam. Assim, realizou de maneira extraordinária a vocação de todo o sacerdote e bispo: tornar-se um só com aquele Jesus que diariamente recebe e oferece na Igreja.
Feliz és tu, amado Papa  João Paulo II, porque acreditaste! Continua do Céu – nós te pedimos – a sustentar a fé do Povo de Deus. Muitas vezes, do Palácio, tu nos abençoaste nesta Praça! Hoje nós  te pedimos: Santo Padre, abençoa-nos! Amen.